Crédito foto: FIVB
Alerta: antes
de começar a ler este texto, entenda que, apesar de nele aparecerem algumas
palavras-chave, o autor não defende nenhuma ideologia, partido ou candidato (ou
ideias radicais deste ou daquele); assim como não condena a opção política de ninguém
que esteja lendo ou que nunca o lerá.
A imprensa, quem diria, deu destaque à seleção
brasileira que disputa o Mundial masculino de vôlei na Europa. Não fez menção à
ótima vitória contra a forte França da última quinta-feira (13), mas sim a duas
fotos que circularam na internet após o jogo. E Wallace e Maurício Souza foram
detonados no octógono das redes sociais.
Uma das
imagens (que foram retiradas do ar) é a que está aí acima, nela Wallace destaca 7 dedos das mãos
enquanto Maurício mostra o 1, ao seu lado. Lucão aparece depois com o “3”.
Lucão foi ignorado na interpretação dos internautas e a leitura ocidental da esquerda
para a direita, também (um jornal gaúcho chegou literalmente a exclui-lo, numa
edição esdrúxula e tendenciosa). Tradução: ambos quiseram manifestar sua
preferência pelo candidato Bolsonaro, que tem o número 71. Ou melhor, 17 – é
preciso ler da direita para a esquerda. Se pegarmos a dupla Maurício-Lucão, teríamos
o 13 lido na direção ocidental, mas isso não foi considerado.
Sou defensor
do direito de expressão e não faço ideia da preferência política de ambos, só
sei que a respeito, seja o 17 ou o 13, liberal ou comunista, contra ou a favor
do aborto. Da mesma forma tenho minha opinião sobre este tipo de declaração de
atletas quando estão representando o Brasil: é de bom senso evitar
posicionamentos políticos, pois naquele momento, mais que cidadãos, levam todos
os brasileiros nas costas e no peito e uma opinião particular pode soar como
coletiva. Além disso podem se aproveitar da visibilidade ampliada que desfrutam
em um campeonato fechado como é um Mundial ou uma Olimpíada. Sou contrário
também com a finalidade de preservar, principalmente em tempos bélicos de redes
sociais, a tranquilidade do trabalho interno.
Mesmo assim,
os fãs da seleção podem ficar tranquilos, pois Bruno – que deve votar em João
Amoedo, pois seu pai é do Novo e quase foi candidato a vice dele – não deixará
de levantar para Wallace. Thales não xingará Maurício com todos os desaforos
possíveis se este errar um saque. Os meios-de-rede não organizarão grupos de
repúdio aos companheiros nem os ponteiros hackearão seus perfis.
Além do mais,
ter preferência por um candidato de direita também não pode definir alguém como
racista, homofóbico ou feminicida. Nem os simpatizantes de partidos que têm
membros presos serem tachados de ladrões ou coniventes com a corrupção. Mas
esta é, desastradamente, a lei que impera no Reino de Zuckerberg e na Instalândia.
A guilhotina está pronta para quem usa certas palavras-chave.
Quando a
seleção masculina conquistou o ouro em Barcelona em 1992, Fernando Collor já
era investigado e o impeachment que viria em 93 ganhava força. Toda a equipe
foi a Brasília receber as homenagens feitas pelo então presidente da República.
Poucos foram os protestos populares, assim como as posições contrárias dentro
do grupo. Vejo mais motivos para criticar a aceitação deste convite do que a
manifestação de anteontem, porém a magia da internet engatinhava naquele tempo.
O Brasil
perdeu na Holanda na tarde deste sábado (15). Com certeza o fuzuê criado pela
discussão não interferiu no rendimento dos atletas brasileiros, mas não se pode
ignorar que ficar longe das redes sociais hoje em dia é quase impossível, com
alertas, apitos, sinais que a todo momento indicam postagens, likes ou
comentários.
Apesar do
depoimento radical de um dos internautas que pediu “o fim da seleção” após esta
suposta declaração de preferência política de seus ex-ídolos, segunda-feira
(17) tem Brasil x Canadá e a vida continua. Ah, o jogo é às 14h30 e o SporTV
transmite.
Hoje a Folha
de S.Paulo deu espaço mais uma vez à seleção, falou da derrota e usou metade do
texto para recordar o episódio controverso. É disso que o esporte não precisa,
mas é disso que o povo gosta – como dizia um conhecido locutor no passado.
Como sempre muito sensato professor Cacá.
ResponderExcluirValeu, abraço.
ExcluirEles erraram feio.Como o senhor mesmo escreve em seu texto”Eles estão representando uma nação “.
ResponderExcluirPerfeito, Maurício. Sua opinião expressa sem usar ódio ou ofensa. os debates deveriam ser sempre assim. Abraço.
ExcluirSensacional! Equilíbrio, ética e clareza!
ResponderExcluirTexto seremo, num tema polêmico, que precisa ser discutido por gestores de esporte
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