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Mostrando postagens de julho, 2017

Coração e competência

Crédito foto: CBV A seleção brasileira de vôlei dispensou a calculadora e fez as duas melhores partidas do Grand Prix na última sexta-feira (21) e, principalmente, ontem (23). Enquanto muita gente fazia contas e duvidava da capacidade de jogadoras e comissão técnica, elas mostraram que ainda há lenha para queimar debaixo da brasa que sobrou sob as cinzas da Rio-2016. Duas condições interdependentes do vôlei serviram para impulsionar a equipe: quem não é bom em determinado fundamento precisa criar sua identidade em outro; e não dá para ser competitivo com um fundamento que esteja abaixo do aceitável. O sistema defensivo se aprimorou na defesa e o contra-ataque contou com uma dose reforçada de paciência e malícia, enquanto a recepção, que não é um primor, comportou-se dentro de um nível aceitável e não permitiu que o adversário se valesse de tal fragilidade. Com um rendimento invejável no bloqueio, as comandadas de José Roberto Guimarães se superaram contr

Duas cenas paulistanas

A natureza humana, para os defensores de Schopenhauer, ou o corrompimento do ser humano provocado pela sociedade, para os rousseaunianos, está por trás de duas cenas até banais presenciadas na capital paulista nas últimas semanas. Quando conseguiremos deixar para trás a insolência e a arrogância? Cena 1 À saída de uma escola particular, um garoto de uns 14 anos, caminha apressado em direção ao carro da mãe estacionado à porta. Lá de dentro da escola, um chamado tímido e abafado de uma garota da mesma idade: “Isaías, volta aqui”. Alguns passos resolutos e Isaías vira-se para a colega que pede: “vem conversar”. Isaías encerra a tensa despedida: “eu não vou conversar com você, você não concorda comigo”. E entra pela porta de trás do carro. Cena 2 Depois de buzinar por quase um quarteirão para três carros e costurá-los para tentar avançar, a motorista barulhenta para no semáforo. Um dos condutores que ficaram para trás emparelha seu carro popular e já meio usado e diz: “você g

Manchete com patuá e saque com reza brava

Crédito: CBV A seleção brasileira feminina de vôlei começa amanhã em Cuiabá (MT) a disputa por uma vaga nas finais do Grand Prix. Este ano a etapa decisiva será na China, de 2 a 6 de agosto. Os adversários das brasileiras serão Bélgica (amanhã), Holanda (sexta) e Estados Unidos (domingo). Esta é a terceira e última etapa da fase classificatória e o Brasil está em 7º lugar na tabela geral. Apenas os cinco primeiros, além do país anfitrião, classificam-se para a fase final. As brasileiras, mesmo que vençam os três jogos, dependerão dos resultados dos outros dois grupos para garantir a vaga. Com 3 vitórias e 9 pontos, o Brasil pode chegar a 6 vitórias (o primeiro critério de classificação) e 18 pontos se bater todos os adversários por 3 a sets a 0 ou 3 a 1. Uma combinação de resultados, no entanto, pode fazer com que até seis equipes cheguem ao mesmo número de vitórias, o que deixaria a decisão das vagas para o desempate (na ordem, número de pontos, set average e ponto average)

Para não dizer que não falei do Federer

Crédito: Bolamarela.pt Impossível, para quem gosta de esporte e de escrever, não ter coceiras nas mãos após assistir à oitava conquista em Wimbledon de um dos monstros do tênis. Difícil também não cair no lugar comum dos elogios fartos e da idolatria. Por esta razão vou ter um pouco de parcimônia, sem vergonha de confessar, no entanto, a tietagem explícita que tentarei sufocar. Em tempos de personalidades fugazes e exigências por estereótipos juvenis – na maioria das vezes mantido à base de efeitos especiais –, Federer é o careta, quase vovô, casado, nem feio nem bonito, de modestas aparições e que faz o que se propôs a fazer com muita determinação e sem pirotecnia midiática. É aquele que sabe que a excelência se conquista vencendo o fastio do dia a dia, na solidão do treinamento duro e na insistência quase ininteligível de quem já poderia deixar de conviver com dores, despertadores, fisioterapias, suor e respiração ofegante em boa parte do dia. Abnegação que con

Resposta ao texto "Eu não gosto de vôlei", em Blog do Menon

Caro, Menon, Em seu post de hoje, você despertou uma boa dose de ira dos apaixonados pelo vôlei. No papel de comentarista e técnico do esporte, acho-me no direito de entrar na discussão, não para atacá-lo – como alguns fizeram –, afinal defenderei sempre o direito à opinião e à expressão das preferências particulares, sejam elas quais forem. Mas ultimamente as pessoas têm se valido de justificativas apressadas para fundamentar seus desgostos. Pela pouca familiaridade com o objeto de desagrado, acabam sendo superficiais e equivocados. Vou me ater a pontos que considero pouco plausíveis em sua busca por tentar explicar porque não gosta de vôlei e me abster de comentar outros que se referem a opiniões e pontos de vista próprios. Primeiramente, o fato de o vôlei ter campeonato todo ano. A Liga Mundial é talvez o quarto torneio entre seleções em importância no calendário internacional, por isso é anual. Antes dela, há os Jogos Olímpicos, o Campeonato Mundial e a Copa do Mundo,

Brasil começa a luta pelo décimo título da Liga Mundial

Crédito - Divulgação / CBV Com cobertura de espetacularidade e recheio dourado, começam a servir amanhã o bolo das finais da Liga Mundial. A Arena da Baixada, em Curitiba, engalanou-se para receber o melhor do vôlei masculino mundial até o próximo domingo. Em quadra, todos os campeões da Liga Mundial, do Campeonato Mundial e dos Jogos Olímpicos deste século – a única ausente é a Polônia. O Brasil está no grupo J e enfrenta amanhã (4) o Canadá e, na quinta (6), a Rússia. Ao contrário do que pressupõe a tradição, a partida mais importante deve ser a de estreia. Talvez encontremos mais resistência do Canadá do que dos inconstantes russos. Na segunda rodada da fase de classificação, canadenses e brasileiros se enfrentaram em Varna e o Brasil venceu por 3 sets a 1 num jogo muito equilibrado e que não refletiu a dificuldade que pode ser novamente encontrada agora. Sob o comando de Stéphane Antiga, o time canadense vem incorporando o estilo de jogo francês, com muito vo