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Os vencedores no vôlei masculino



Este é o quarto de uma série de textos que compartilhamos para acompanhar a contagem regressiva até a estreia do voleibol brasileiro nos Jogos Olímpicos de Tóquio.

Esta é a 15ª edição dos Jogos Olímpicos em que o voleibol é disputado. Sete países venceram a competição masculina e apenas três conquistaram o ouro mais de uma vez. A União Soviética, atualmente representada pela Rússia, ficou no lugar mais alto pódio quatro vezes, sendo três antes da queda do comunismo, enquanto os Estados Unidos e o Brasil venceram três vezes cada um. A seguir apresentamos edição a edição como isso aconteceu.

1964 – Desde 1949, no primeiro campeonato mundial masculino, a ex-União Soviética e a ex-Tchecoslováquia se alternaram nos dois primeiros lugares. E na primeira edição dos JO não foi diferente, os soviéticos ficaram com o ouro e os tchecos com a prata.

1968 – Pela primeira vez, um país fora do bloco socialista consegue chegar a uma final intercontinental masculina, mas o Japão acaba caindo ante os soviéticos.

1972 – Após o bronze em 1964 e a prata em 68, o ouro é conquistado pela seleção do Japão em Munique, revolucionando a forma de jogar o voleibol e apresentando uma das seleções mais espetaculares de todos os tempos.

1976 – A seleção da Polônia leva o ouro, introduzindo o ataque de fundo efetivo e confirmando o título do Mundial de dois anos antes.

1980 – O boicote político aos Jogos não afeta tanto o voleibol, pois o domínio do bloco socialista era quase absoluto na época. A ex-União Soviética fica com o ouro.

1984 – O boicote político desfigura o cenário voleibolístico, dominado pelos países comunistas. O Brasil chega ao pódio pela primeira vez. Após vencer os Estados Unidos na fase de classificação, perde para os donos da casa na final pelo mesmo placar (3 a 0) e fica com a prata.

1988 – A expectativa pelo confronto entre os Estados Unidos e a ex-União Soviética é grande. Após os boicotes aos Jogos de Moscou e Los Angeles, a antiga potência quase absoluta do voleibol teria pela frente os americanos inovadores, atuais campeões olímpicos e mundiais. E o ouro ficou com a nova forma de jogar o voleibol: os EUA são bicampeões olímpicos.

1992 – O primeiro ouro olímpico brasileiro em esportes coletivos vem pelas mãos da seleção masculina. Invicto e perdendo apenas três sets no torneio, a seleção vence a Holanda na final.

1996 – Prata em Barcelona, a Holanda vence a Itália (bicampeã mundial) e ganha seu primeiro e único ouro até hoje.

2000 – A Iugoslávia, que ficara com o bronze em Atlanta, vence a Rússia na final.

2004 – Segundo ouro conquistado pela seleção masculina do Brasil. Dirigidos por Bernardinho, os brasileiros batem a Itália na final.

2008 – Os Estados Unidos ganham o título olímpico pela terceira vez, batendo o Brasil na final.

2012 – O masculino fica novamente com a prata, depois de perder para a Rússia, que vira um jogo improvável e, com os 3 sets a 2, torna-se campeã olímpica pela primeira vez após a dissolução da União Soviética.

2016 – O Brasil bate a Itália na final no Rio de Janeiro por 3 sets a 0, conquistando o título pela terceira vez, na despedida de Bernardinho do comando da seleção.


Os ouros brasileiros

Em 1992, o Brasil chegou a Barcelona como força intermediária. No entanto, cresceu durante a competição, bateu os Estados Unidos na semifinal e chegou à final contra os holandeses com a confiança em alta. Sem contar com o levantador titular Pete Blangè, a Holanda não suportou o jogo veloz e criativo da seleção comandada por Zé Roberto Guimarães. O MVP escolhido antecipadamente Ron Zwerver pouco conseguiu ajudar seus companheiros.

Em três sets – parciais de 15 a 12, 15 a 8 e 15 a 5 –, a seleção trucidou os holandeses no Palau Sant Jordi, em apenas 1 hora e 32 minutos. Era dia 9 de agosto, manhã de domingo no Brasil. Na voz do saudoso Luciano do Valle, Marcelo Negrão sacava a última bola para consagrar uma geração.

O time titular formou com Maurício Lima no levantamento, Tande e Giovane nas pontas, Paulão no meio e Carlão e Negrão alternando-se no meio e na saída de rede. Na reserva, Zé Roberto dispunha de Jorge Édson, Janélson, Douglas, Talmo, Pampa e Amauri, mas nem precisou muito deles, pois o sexteto titular foi implacável e conquistou para o Brasil a primeira medalha olímpica de esportes coletivos da história dos Jogos.

 

Doze anos depois, desta vez dirigida por Bernardo Rezende, a seleção entrou na quadra do Peace & Friendship Stadium de Atenas contra a Itália para decidir o ouro. Em jogo equilibrado, o Brasil precisou de quatro sets – parciais de 25 a 15, 24 a 26, 25 a 20 e 25 a 22 – e 1 hora e 37 minutos para bater um time que Giani, Mastrangelo, Sartoretti e Fei entre os destaques.

André Heller e Gustavo (centrais), Giba e Dante (ponteiros), André Nascimento (oposto), Ricardinho (levantador) e Serginho (líbero) formavam o time titular, enquanto um banco de luxo tinha Maurício Lima e Giovane (bicampeões olímpicos), Nalbert, Anderson e Rodrigão. Giba foi o maior pontuador da final, com 20 pontos, e MVP do torneio.

 

A terceira medalha não poderia vir em outro lugar. Mais doze anos se passaram para, na Rio-2016, o Brasil encarar novamente os italianos numa final olímpica. Uma Itália mais forte que a de 2004, com o cubano Juantorena naturalizado, Zaytsev e o talentoso Gianelli.

No entanto, um bloqueio de Lipe deu mais uma vez o ouro ao Brasil e fez com que o sonho do ouro olímpico italiano fosse adiado. Por coincidência, o tempo de jogo foi idêntico ao de 2004: 1 hora e 37 minutos. O placar, no entanto, foi 3 a 0. Mas o jogo não foi nada fácil. As apertadas parciais mostram o equilíbrio: 25 a 22, 28 a 26 e 26 a 24.

Entre os remanescentes de Atenas, apenas Serginho, o Escadinha. Líder do grupo, levou o ouro e o prêmio de MVP para casa. Além dele, o time titular teve Bruno no levantamento, Wallace como oposto – maior pontuador da final –, Maurício Souza e Lucão no meio e Lipe e Lucarelli nas pontas. No banco, Evandro, o mago William, Éder, Douglas Souza e Maurício Borges.

Que não precisemos esperar mais doze anos para comemorar outro ouro.

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