Este é o quinto de uma série de textos para acompanhar a
contagem regressiva até a estreia do voleibol brasileiro nos Jogos Olímpicos de
Tóquio. Informações complementares estão à disposição no link ao final do
texto.
Nas quinze edições em que o voleibol foi disputado nos Jogos
Olímpicos, o voleibol feminino teve apenas cinco países campeões. A União
Soviética, atualmente representada pela Rússia, conquistou quatro ouros, China
e Cuba subiram três vezes no degrau mais alto do pódio, enquanto Brasil e Japão
somam duas conquistas cada. A seguir apresentamos edição a edição como isso
aconteceu.
1964 – Desde
1960 o Japão vinha incomodando as soviéticas, que até então reinavam absolutas
nas primeiras edições do Campeonato Mundial. Em casa, as japonesas ficaram com
o primeiro ouro olímpico.
1968 – Após
ver o triunfo das japonesas nos dois mundiais anteriores e em Tóquio quatro
anos antes, a ex-União Soviética dá o troco e fica com o ouro.
1972 – Japão e
ex-União Soviética confirmam a supremacia de ambos que se prolonga por mais de
uma década e fazem a final em Munique. Mais uma vez, o ouro fica com as
soviéticas.
1976 – Na
alternância entre japonesas e soviéticas, as asiáticas vencem, a exemplo do que
aconteceu no Mundial em 1974, empatando o número de conquistas olímpicas.
1980 – O
boicote político japonês aos Jogos de Moscou, juntando-se aos demais países
capitalistas, faz com que a ex-União Soviética encontre a Alemanha Oriental na final
feminina e fique com o ouro, na primeira participação brasileira.
1984 – O
boicote político desfigura o cenário voleibolístico dominado pelos países
comunistas. A China, que não seguiu o bloco, vence os Jogos pela primeira vez
no feminino, iniciando um domínio internacional absoluto que incluía a Copa do
Mundo de 1981 e o Mundial de 1982 se estenderia à Copa do Mundo de 1985 e o
Mundial de 1986.
1988 – As
soviéticas reconquistam o ouro, vencendo o Peru, após estar perdendo por dois
sets a um. Foi a última conquista das soviéticas, que como Rússia não mais
triunfaria.
1992 – Cuba,
depois de ficar de fora dos Jogos por questões políticas em 1984 e 1988, começa
a escrever uma das mais vitoriosas histórias do vôlei mundial com o primeiro de
três ouros seguidos.
1996 – Cuba
desfila Mireya Luís, Regla Torres, Magaly Carvajal e conquista o bicampeonato
em cima da China.
2000 – As geniais
cubanas conquistam o tricampeonato olímpico no feminino. Somando-se aos dois
títulos mundiais de 1994 e 1998 e as quatro Copas do Mundo de 1989 a 1999, reinam
quase absolutas no vôlei internacional por mais de uma década.
2004 – A China
vence a Rússia em Atenas por três sets a dois e conquista o segundo ouro
olímpico, interrompendo domínio de Cuba, que fica com o bronze.
2008 – José
Roberto Guimarães se torna o primeiro técnico a ganhar o ouro dirigindo equipes
masculinas e femininas. Depois de comandar os homens em Barcelona, dá ao Brasil
a primeira medalha de ouro no feminino.
2012 – A
seleção feminina vira, vence por 3 sets a 1 a final novamente contra os Estados
Unidos e conquista o bicampeonato olímpico.
2016 – A
seleção feminina da China, com uma equipe jovem, supera a Sérvia por 3 sets a 1
e ganha o ouro dirigida pela campeã de 1984 Lang Ping.
As conquistas brasileiras
A decepção pela perda, quatro anos antes, da semifinal para a
Rússia num jogo que caminhava para levar o Brasil à primeira final olímpica foi
superada em 2008 contra a China, dona da casa. A final contra os Estados Unidos
em Pequim inscreveria na história dos Jogos um campeão inédito.
Diante de 13 mil pessoas que lotaram o Palais des Sports de
La Capitale, o Brasil conquistou pela primeira vez o ouro, depois de dois
bronzes – Atlanta e Sydney – e quatro participações. Foi uma partida atípica
para uma final, com os três primeiros sets com parciais muito amplas: 25 a 15
para as brasileiras no primeiro set, 25 a 18 a favor das norte-americanas no
segundo, 25 a 13 no terceiro e, por fim, um placar mais equilibrado no último
set, 25 a 21. Os quatro sets do jogo duraram 1 hora e 35 minutos.
O Brasil teve Fofão, Sheilla – maior pontuadora, com 19
pontos –, Mari, Paula, Walewska, Fabiana e Fabi como titulares e Valeskinha,
Thaísa, Sassá, Jaqueline e Carol Albuquerque como opções em quase todo o torneio.
Com uma campanha invicta de oito vitórias e apenas um set perdido, Zé Roberto
Guimarães, no banco de reservas, tornou-se o primeiro técnico – não sendo ainda
superado por nenhum outro – a conquistar o ouro olímpico dirigindo equipes de
ambos os gêneros.
A segunda medalha dourada veio em Londres-2012. Com uma trajetória
muito diferente da realizada quatro anos antes, a seleção brasileira quase
ficou fora logo na primeira fase do torneio. Depois de perder para a Coréia do
Sul e para os Estados Unidos, vencer Turquia e China por 3 a 2 e depender de
uma derrota da Turquia para as norte-americanas na última rodada, o Brasil
avançou às quartas-de-final como quarta colocada do grupo B.
Num jogo histórico, virou contra as russas, carrascas de
Atenas, quebrando vários match-points desfavoráveis e fechando em 3 a 2. A
semifinal contra o Japão foi mais fácil e mostrou que o time havia superado o
início titubeante da competição.
Na final, porém, as norte-americanas pareciam estar dispostas
a devolver a derrota de Pequim e aplicaram sonoros 25 a 11 no primeiro set. No
entanto, Dani Lins, Sheilla, Fabiana, Thaísa, Jaqueline – a melhor da final e
maior pontuadora, com 18 pontos –, Fê Garay e Fabi acordaram no segundo set (25
a 17), venceram os outros dois (25 a 20 e 25 a 17) e fecharam o jogo em 3 a 1,
em 1 hora e 41 minutos.
Depois da decepção de cair nas quartas-de-final na Rio-2016,
a seleção vai a Tóquio como uma das favoritas. No entanto, a disputa promete
ser das mais acirradas e imprevisíveis em tempos de pandemia ainda não controlada.
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