No início do ano fui apresentado aos haters. A partir de um texto postado neste blog, o subterrâneo da
internet se manifestou de forma ruidosa e violenta. Escrevi sobre a participação
da transexual Tiffany de Abreu na Superliga feminina de vôlei e a repercussão
do texto surpreendeu-me pelo volume de respostas e pelo despertar de ódio de
uma parcela diminuta da comunidade LGBT.
Para tentar arrefecer os ânimos exaltados de uma patrulha que insistia em distorcer e alegar preconceito em minhas palavras, eu procurava mostrar que não havia discriminação nem intolerância em uma linha sequer que escrevi. E me vali de um dos mais constrangedores atos para um jornalista: explicar o próprio texto. Procurei ainda apresentar reportagens que comprovavam que a opinião por mim manifestada era comungada por vários médicos brasileiros e estrangeiros que questionavam a equiparação das condições entre mulheres e transexuais para a prática esportiva competitiva profissional. Mas os haters das redes sociais não têm olhos nem ouvidos, apenas bocas e garras. Não há argumentos que os convença, pois eles não leem (ou não entendem) nada que não reforce suas próprias opiniões.
É verdade que a grande maioria dos internautas, após o ataque daqueles que Luiz Felipe Pondé chama de “canalhas do linchamento”, manifestou-se favoravelmente ao meu direito de opinião (e não necessariamente à minha opinião), mas a artilharia que vinha dos que habitam o que Michel Foucault chama de zona sombria presente em todas as estruturas incomodou-me bastante.
Quando dei-me conta de minha pequenez diante de ataques semelhantes sofridos por pessoas do calibre de Fernanda Montenegro e Chico Buarque por outras hordas ideológicas, acalmei-me. Parei de tentar mostrar o quão equivocados estavam aqueles em me acusar de homofobia e, simplesmente, calei-me. Hoje retorno à rede para expressar meu desalento.
Desalento que chega com a constatação de que as minorias que lutam (e sofrem, e morrem – porque sofrem, e morrem) por uma justa inserção em todos os campos sociais têm em suas fileiras pessoas que usam métodos que pouco contribuem com a causa e com a diminuição da intolerância (até mesmo alguns gays que se manifestaram favoravelmente à minha opinião foram recriminados e tratados como traidores).
Tristeza que constata que diante de tantos problemas que este saqueado país e este maltratado planeta têm de resolver, não haverá a possibilidade de diálogo entre as partes, pois existem facções xiitas que utilizam o ódio para barrar uma possível aproximação. Sabotadores que não assinarão o contrato, pois não o lerão até o fim. Egoístas que querem apenas promover uma troca de ditadura.
Resignação de que há terrenos proibidos, onde olhares diversos e estranhos não são bem-vindos. Campos em que se prega a diversidade, mas há cercas e alarmes para a presença de invasores que apesar de diversos, não serão aceitos.
No entanto, apesar desta tática que alimenta o ódio e já
deve ter feito muita gente ter-se tornado menos tolerante e aberta, eles não
conseguirão me transformar em alguém preconceituoso e intolerante. Eles não
farão com que eu deixe de ministrar aos futuros professores, em todas as aulas por
que sou responsável, o tema da inclusão de toda e qualquer minoria, como faço há
anos. Nem de expressar meu direito à opinião.
BRILHANTE !
ResponderExcluirNos textos de Cacá não havia nada de discriminação, apenas fatos apresentados. Falei que este assunto ainda ia dar muito o que falar. Houve muitas reclamações de times e jogadoras (reportagem da Veja com o time do Pinheiros). A FIVB e COI vai fazer reunião para ver ou rever as regras de liberação. Acho que deveriam na minha opinião: estabelecer 1 por time/seleção; idade mínima que deveria haver a transformação e quantos anos após isto para sua liberação para atuar.
ResponderExcluirSábias palavras. Já expressei minha opinião quando foi postado no facebook. As pessoas deveriam ler mais, se informarem mais... serem tolerantes... terem respeito.
ResponderExcluirSábias palavras. Já expressei minha opinião quando foi postado no facebook. As pessoas deveriam ler mais, se informarem mais... serem tolerantes... terem respeito.
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