Primeiramente,
quero deixar claro que o texto que postei em meu blog sobre a atleta de
voleibol Tiffany de Abreu é de minha total responsabilidade. A jornalista
Kalinka Schutel colaborou pontualmente num trecho, a meu pedido, mas não
compartilha necessariamente com minha opinião. A rede Bandeirantes, o canal
BandSports e o programa Roda de Vôlei nada têm a ver com a opinião expressa
nele.
Quando
mencionei que a maioria dos profissionais do vôlei é contrária à participação
dela na Superliga, mas têm medo de se manifestar, é exatamente por causa deste
motivo: o bombardeio impiedoso da patrulha ideológica de gênero. Aquela que
julga sem piedade, que não argumenta, é truculenta, é avessa ao diálogo e,
sendo composta por idealistas obtusos, não ajuda quem milita na defesa das
diferenças e das minorias.
Quem me conhece
sabe que não sou preconceituoso e quem leu o texto sem tendencionsimo pôde ver
que não se tratou em nenhum momento de discriminação ou intolerância. Como
profissional da mídia especializada, coloquei-me diante de uma discussão levantada
por uma colunista do Estadão. Não quis escrever um texto científico, não quis
fazer uma reportagem. Apenas elaborei um texto opinativo em que procurei
demonstrar minha preocupação em não parecer avesso à inclusão de uma transexual
no voleibol, fato que decididamente não procede nem aparece em nenhuma parte do
texto.
Não questionei
a autorização da FIVB ou do COI, não defendi a criação de uma liga para
transexuais, não disse que Tiffany precisa ser banida. E não deixei de
considerar outras questões fisiológicas levantadas por médicos especialistas.
Todavia, tudo foi “lido” pelos radicais que pedem inclusive minha cabeça à
Band.
Fiquei muito tempo
sem escrever nas redes sociais exatamente por causa desta hostilidade maniqueísta
gratuita, polarizada entre bem e mal. Virei em menos de seis horas uma persona
non grata da comunidade LGBT, sem ter um indicador sequer em minha história
pessoal e profissional que justifique o rótulo de intolerante.
Peço desculpas
àqueles que acharam meu texto de pouca ajuda na discussão e de incentivo aos
discursos homofóbicos, mas não vejo indícios de preconceito. Se muitas vezes
pondero é porque não adianta defender uma causa justa de inserção dos
transexuais se outra parte sai prejudicada, no caso o gênero feminino. Esta foi
a tônica do que escrevi.
Mas não peço
desculpas àqueles que se julgam defensores das causas LGBT e se armam para
fazer valer uma ditadura de opinião. Teremos que conviver, quer queiram ou não,
com todas as diferenças, dentre as quais vocês e muitos outros fazem parte.
Agir com radicalismo só promove uma troca de poder tirano de uma maioria (ou
minoria) para uma (ou outra) minoria cega. Vocês não representam aqueles diversos
que respeito.
Num dos textos
recebidos nas redes sociais (que aliás critica minha posição), faz um discurso
sustentável quanto à importância da inclusão de Tiffany para a inserção social
do transexual na sociedade e no mercado de trabalho. É outro ponto importante
dentro do debate que foi aberto com meu texto, mas que carecia de espaço para
ser abordado. Indicou um artigo científico que guardei para ler mais tarde,
possivelmente sobre níveis de testosterona e prática esportiva.
Não quero a
concordância à minha opinião, mas gostaria imensamente que as pessoas fizessem
interpretações com base no que realmente está escrito.
Prefiro dar um tempo, acho prematura assumir uma opinião radical muito cedo. Os órgãos competentes a liberaram. Já atuou/ atua em duas das ligas mais importantes do mundo (Italiana e Brasileira). Acho que questões biológicas jamais podem ser descartadas (estrutura óssea, muscular, hormonal e anatomia). Acho que deverá ter regras específicas (como limitar 1 por time e 1 por seleção). Algo parecido com caso de naturalização (em seleções). Mas é apenas o primeiro caso. Nunca devemos crucificar (é uma pessoa e profissional que merece respeito e oportunidades. Mas devemos sempre levar em consideração disputas justas. Mas como disse prefiro esperar um pouco mais.
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