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O fator T


O fator T
T de Tiffany, de transexual, de testosterona

Apesar do recesso de fim de ano, a Superliga feminina de vôlei continuou nas manchetes. Nos dois últimos jogos, em que defendeu o Vôlei Bauru (SP) como titular, a oposta Tiffany, primeira transexual a disputar o torneio nacional, fez 55 pontos em nove sets. Nas mesmas rodadas, a oposta da seleção brasileira Tandara fez 24 pontos em sete sets defendendo o Vôlei Nestlé.
Tiffany até 2015 disputava o campeonato holandês masculino. Após cirurgia para mudança de sexo, tratamento para redução da produção de testosterona e consequente liberação da Federação Internacional, disputou a reta final da Liga Italiana A2 pelo Golem Palmi no começo de 2017. Sua participação por lá gerou críticas e até ameaças de recursos na justiça comum pelos adversários.
O programa Roda de Vôlei já havia levantado a questão da participação de Tiffany entre as mulheres num esporte em que a potência muscular predomina e decide. Apoiados na opinião de médicos, comentamos que não são apenas os níveis de produção de testosterona pelo organismo que interferem no rendimento esportivo. Outros são os hormônios intrínsecos ao crescimento e à formação corporal diferenciados entre os gêneros e que acabam por caracterizar as capacidades físicas femininas.
Em seu blog no jornal O Estado de S. Paulo, a ex-jogadora Ana Paula Henkel criticou a participação de Tiffany entre as mulheres. Uma voz isolada que reflete o pensamento da maioria. Atletas, técnicos e dirigentes torcem o nariz, mas evitam se posicionar, tementes à patrulha ideológica de gênero. Um tema delicado que, abordado apressada e superficialmente, pode escorregar para o politicamente incorreto, o preconceito e a intolerância.
É importante ponderar que em algumas rodadas do torneio Tandara e outras atacantes estiveram perto dos números alcançados por Tiffany. No entanto, é preocupante constatar que de uma hora para a outra nasce um fenômeno no voleibol. Para que atacantes de primeira linha despontem são necessários cerca de 10 anos de evolução gradual e gestação cuidadosa e paciente do potencial, processo pelo qual Tiffany não passou. Tiffany, antes da cirurgia era um jogador mediano e tornou-se uma das melhores da Superliga valendo-se de seus 194 centímetros de altura conseguidos por uma carga hormonal própria do gênero masculino que o acompanhou por toda a vida.
A “jurisprudência” do caso Tiffany pode levar o esporte feminino a um estado de transformação e descaracterização. Tiffany não deve ser banida nem sacrificada, mas critérios mais restritivos precisam ser considerados. É necessário levantar e discutir mais a fundo as consequências da participação indiscriminada de esportistas transexuais entre as mulheres. Não é uma questão de inclusão ou de tolerância, mas de equidade fisiológica, igualdade de competitividade e legitimidade. Talvez seja necessário limitar a participação de transexuais a um ou dois por equipe.
Que se promova a inclusão, um dos fundamentos do esporte na era moderna, mas que também se respeitem as diferenças, porque com base exclusivamente nesta norma, não demorarão a nascer seleções femininas de países tradicionalmente pouco compromissados com a ética esportiva formadas exclusivamente por transexuais que despontarão, num passe de mágica, entre os melhores do mundo, desbancando aqueles que construíram ao longo de décadas uma história de sucesso, apoio e respeito às diferenças do gênero feminino.
Crédio foto: www.veja.abril.com.br

Promovi três alterações no texto original. Numa delas, pois achei justificada a pontuação de dois internautas, retirei o nome de batismo de Tiffany. Na outra, retirei o nome de Kalinka Schutel como colaboradora, pois sua ajuda foi pontual e não estava relacionada com a essência do tema. E na terceira, o último parágrafo ("Aliás, com este rendimento, uma eventual não convocação de Tiffany por José Roberto Guimarães para a seleção feminina brasileira geraria, aí sim, comentários sobre preconceito. Afinal, tanto as regras quanto os direitos devem valer para todos"). Esta edição em razão da possível pressão que possa estar incutida sobre JRG, ainda que o trecho tenha tido apenas a intenção de colocar o rendimento de Tiffany digno de uma convocação futura e de igualdade de direitos a todas as atletas brasileiras.

Comentários

  1. Olha Caca, vc levantar questões fisiológicas do caso dela, ok!
    Vc se preocupar com a formação de atletas, apesar de forçar um pouco, ok!
    Vc ignorar que ela atende a todas as exigências da FIVB, ok!!
    Vc ignorar que questões de gênero ja são debatidas no esporte desde anos 90, ok!
    Esse seu artigo ignora muitas outras questões. Transparece que caso da atleta brasileira é uma novidade ímpar.
    Esqueceu da Edinanci, Erica?
    Mas o mais importante é que vc não precisa mencionar o antigo nome de uma atleta objetivando expo-la. Dizer que é trans não é suficiente?
    Por favor, seja técnico em suas posições.
    Lamentável!!

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    1. Excelente Paulo. A posição deste senhor, está longe de ser a posição de alguém, REALMENTE profissional da área do jornalismo. Ele, nas entre linhas quis expô-la ao vexame, segregando-a.

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    2. Concordo com as observações.
      Acrescento que a questão de limitação ao número de atletas trans afronta o princípio constitucional da isonomia, bem como, o objetivo do valor social do trabalho. Baita bola fora do colunista. Abordagem superficial.

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    3. Quando o Cacá diz limitar, ele deve ter se baseado em várias regras que já existem por exemplo. Na nossa super liga só podem 2 estrangeiros por equipe, na Itália 3. Em seleções só pode ter um naturalizado por seleção. Então isto fere a isonomia ????

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    4. Gente, se o fato de 30 anos construindo músculos com testosterona não importam, como um atleta após 30 anos de carreira medíocre, se torna a melhor atleta da superliga da noite pro dia e em idade avançada?

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. Cacá e Kalinka, sou fã de vôlei, tenho 35 anos, jogo e assisto desde os 10 - inclusive sou telespectador do Roda de Vôlei -, sou psicólogo de formação e um homem cis. Gostaria de fazer algumas observações sobre seu texto, tendo tudo isso considerado, para que o espaço do debate crítico seja considerado legitimamente.
      Primeiro, é interessante ter mais cuidado ao escrever sobre este tema, em especial quando falar de alguém específico. A Tiffany não é "ex-fulano". Ela é a Tiffany. Na matéria você optou por comentar que ela não foi designada mulher no nascimento (em função de uma classificação genital) mas, sem a permissão da pessoa, é de extrema invasão e desrespeito dar nomes de batismo e/ou quaisquer outros detalhes íntimos que são obviamente pessoais, dessas pessoas. A história de vida dessas pessoas é de muita violência e sofrimento sendo essa publicação algo que traz de volta esses sofrimentos todos (físicos, sociais, emocionais, psíquicos etc). É muito comum você ouvir pessoas trans se referirem aos seus passados como pessoas desconhecidas por elxs, justamente porque foram obrigadxs a viver anos e anos sob aquela alcunha e persona com a qual nunca se identificaram. É um sofrimento que não é fácil de compreender para a maioria das pessoas cis, eu sei, mas ele precisa ser respeitado.
      Segundo, talvez seja um pouco cedo para falarmos de "fenômeno", não acha? Matérias como essas me trazem uma profunda tristeza porque sempre me parecem esconder um preconceito disfarçado de voz neutra e ponderada. A jogadora não tem nem 2 meses na Superliga e já se fala em "desvantagem", "investigação", discursos biologizantes e expressões carregadas como "ideologia de gênero" - algo que nem existe. Quer dizer, realmente vale botar a mão na consciência e repensar o timing e os conceitos usados para não dar força e voz a quem dissipa o ódio, a ignorância e a descriminação de quem só quer trabalhar. Me pergunto se fosse uma jogadora mulher cis, desconhecida, e tivesse feito meia-dúzia de jogos bons se o tratamento seria o mesmo.

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    2. Cabe considerar algo básico também: O direito ao trabalho. O emprego da Tiffany é ser jogadora de vôlei. Será que ela merece e precisa ser obrigada a ficar desempregada simplesmente porque pessoas que não são estudiosas do assunto acham que tem uma opinião a respeito? Lembro recentemente do caso da Melissa Vargas, cubana, que despontou numa seleção adulta com 14 ou 15 anos. A atleta socava bola no chão, dava bloqueio em quem aparecesse pela frente, e nem tinha debutado ainda. Engraçado como esse questionamento sobre "carreira" não surgiu na época, né? Você acha que a Tiffany surgiu daonde? Acha que ela começou a jogar vôlei em novembro e em dezembro disputou a Superliga? Porque antes ela não era reconhecida pela sociedade como mulher então a vida e o investimento dela não valem?! Então a questão aqui não é "anos de evolução na carreira", mas se isso é feito antes do processo de redesignação de gênero, é isso?! Será que ela merece ser expulsa do que trabalhou duro a vida toda, abdicou de tanta coisa durante anos, porque teve coragem de se assumir e buscar sua felicidade como pessoa? E isso simplesmente porque o público e os jornalistas acham que tem base para dizer o que é ou não ser mulher? Quais estudos, opiniões, livros, instituições foram consultados?
      Há pouco tempo num debate no Facebook eu disse e repito: há uma confusão atual entre "achismo" e "opinião"; e me chama a atenção que essas mesmas pessoas parecem saber mais que os acadêmicos, pesquisadores, militantes e as próprias pessoas trans. Falar de regras pra algo que mal acabou de acontecer é muito preocupante. É bom lembrar que voleibol não é só força e nem altura. Já vimos de Takeshita a Mireya Luis e que, comparativamente, botariam qualquer Tiffany no chinelo. É válido pensar também que se o tal precedente que você menciona fosse real então a Tiffany deveria ter 100% de aproveitamento em tudo e ser a mais forte do mundo. Ela não põe todas as bolas no chão, não passa todos os ataques dos bloqueios, nem é a detentora da cortada mais forte do mundo, nem agora, nem no passado e nem nunca será!
      Portanto, caro Cacá, fica a sugestão de questionamento: Será que essa abordagem é realmente uma preocupação coerente, ou lógica ou até aceitável?
      Um abraço do fã,
      Eduardo.

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  3. Primeiramente, quero deixar claro que o texto que postei em meu blog sobre a atleta de voleibol Tiffany de Abreu é de minha total responsabilidade. A jornalista Kalinka Schutel colaborou pontualmente num trecho, a meu pedido, mas não compartilha necessariamente com minha opinião. A rede Bandeirantes, o canal BandSports e o programa Roda de Vôlei nada têm a ver com a opinião expressa nele.
    Quando mencionei que a maioria dos profissionais do vôlei é contrária à participação dela na Superliga, mas têm medo de se manifestar, é exatamente por causa deste motivo: o bombardeio impiedoso da patrulha ideológica de gênero. Aquela que julga sem piedade, que não argumenta, é truculenta, é avessa ao diálogo e, sendo composta por idealistas obtusos, não ajuda quem milita na defesa das diferenças e das minorias.
    Quem me conhece sabe que não sou preconceituoso e quem leu o texto sem tendencionsimo pôde ver que não se tratou em nenhum momento de discriminação ou intolerância. Como profissional da mídia especializada, coloquei-me diante de uma discussão levantada por uma colunista do Estadão. Não quis escrever um texto científico, não quis fazer uma reportagem. Apenas elaborei um texto opinativo em que procurei demonstrar minha preocupação em não parecer avesso à inclusão de uma transexual no voleibol, fato que decididamente não procede nem aparece em nenhuma parte do texto.
    Não questionei a autorização da FIVB ou do COI, não defendi a criação de uma liga para transexuais, não disse que Tiffany precisa ser banida. E não deixei de considerar outras questões fisiológicas levantadas por médicos especialistas. Todavia, tudo foi “lido” pelos radicais que pedem inclusive minha cabeça à Band.
    Fiquei muito tempo sem escrever nas redes sociais exatamente por causa desta hostilidade maniqueísta gratuita, polarizada entre bem e mal. Virei em menos de seis horas uma persona non grata da comunidade LGBT, sem ter um indicador sequer em minha história pessoal e profissional que justifique o rótulo de intolerante.
    Peço desculpas àqueles que acharam meu texto de pouca ajuda na discussão e de incentivo aos discursos homofóbicos, mas não vejo indícios de preconceito. Se muitas vezes pondero é porque não adianta defender uma causa justa de inserção dos transexuais se outra parte sai prejudicada, no caso o gênero feminino. Esta foi a tônica do que escrevi.
    Mas não peço desculpas àqueles que se julgam defensores das causas LGBT e se armam para fazer valer uma ditadura de opinião. Teremos que conviver, quer queiram ou não, com todas as diferenças, dentre as quais vocês e muitos outros fazem parte. Agir com radicalismo só promove uma troca de poder tirano de uma maioria (ou minoria) para uma (ou outra) minoria cega. Vocês não representam aqueles diversos que respeito.
    Num dos textos recebidos nas redes sociais (que aliás critica minha posição), faz um discurso sustentável quanto à importância da inclusão de Tiffany para a inserção social do transexual na sociedade e no mercado de trabalho. É outro ponto importante dentro do debate que foi aberto com meu texto, mas que carecia de espaço para ser abordado. Indicou um artigo científico que guardei para ler mais tarde, possivelmente sobre níveis de testosterona e prática esportiva.
    Não quero a concordância à minha opinião, mas gostaria imensamente que as pessoas fizessem interpretações com base no que realmente está escrito.

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  4. Caca
    Fique tranquilo e não se desculpe pois qlqr ser inteligente e de bem com a vida entende perfeitamente que o objetivo do seu texto é lançar uma reflexão sobre a inclusão de transexuais no esporte.
    Isso claramente gera um desequilíbrio, quando a capacidade física faz a diferença, como podemos verificar no caso citado.
    É um assunto novo que precisa ser pensado e conversado para se encontrar soluções que não comprometam o espírito do esporte.
    Por isso importante sua colocação que em nenhum momento foi preconceituosa com a pessoa desse caso ou com os transexuais.
    O que realmente espanta é a quantidade de idiotas de plantão que ficam patrulhando publicações alheias na caça das palavras sexo, raça, religião, etc, para fazer seus comentários “intelectuais” que quase sempre nada acrescentam.

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  5. Apoio totalmente o texto do Cacá...e sinceramente, o q li aí nos comentários, melhor nem argumentar...chega a ser ridículo...

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  6. É bem complicado usar fisiologia sem a ajuda de um profissional da área, apenas por opinião. E aqui no blog, inicialmente os comentários estavam sendo muito embasados.

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  7. Tenho sono desses artigos que vem com preconceito extremamente implicito e ainda bem um bando de zumbi apoiador do bolsonaro bater palma pra isso, muito triste. O lado bom é q mesmo vcs se cortando a Tifany vai continuar jogando a superliga vcs querendo ou nao, pra quem nao gostou morre q passa.

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    3. Preconceito extremamente implícito??? Kkkkkkkkkk
      Ai ai, tem q rir mesmo... Tenho sono é de gente q acha q tudo é preconceito...os LGBT são a classe mais mal resolvida q eu conheço...tudo os ofende... tudo é preconceito... é muito mimimi... Não teve preconceito nenhum no texto do Cacá... é simplesmente o fato de q um homem não pode jogar contra as mulheres...simples assim...tá liberado pela Fivb? Ok, mas é uma baita covardia...e querendo ou não, uma trans nunca será uma mulher...nunca menstruará, nunca terá filhos e como vc disse, se não gostou da minha opinião, não, num morre não... só aceita q dói menos...

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  8. Vamos dar um pouco mais de tempo. É o primeiro caso e muito cedo para tomar uma posição radical. Os órgãos competentes a liberaram e ela atou/atua em 2 ligas das mais importantes (Italiana e Brasileira). Questões biológicas sempre deverão ser levadas em consideração (estrutura óssea, muscular, hormonal e anatomia). Acho que deverá ter regras específicas (com 1 por time ou seleção). Mas prefiro esperar um pouco mais. Não podemos ferir direitos de trabalho e oportunidades a ninguém, mas desde que seja justo com todos. Mas o tempo dirá.

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  9. Incrível como a sociedade brasileira se tornou tão cega. Ninguém percebe que essa polarização que vivemos não nos levará a lugar algum?
    A resposta pro caso da inclusão de transexuais no esporte é simples: método científico, pesquisa, critérios. Quais são os critérios mais importantes para avaliar se um trans pode ou não atuar como oposta (estou dando um exemplo)? Força, alcance, impulsão? Ótimo! Qual é a média das jogadoras e qual é o desvio padrão? Os dados da atleta são compatíveis ou não? Além disso existem outras causas bio e fisiológicas que interferem? A palavra final deve ser dada pela ciência.
    Enquanto tivermos com opiniões baseadas em achismos e num pseudomoralidade não chegaremos a nenhum ponto de consenso.
    Quanto ao texto Cacá, não se preocupe quem o ler sem o crivo de achismos ideológicos (sejam quais forem) não conseguirá ver uma linha de preconceito.

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  10. Sou atleta, sou gay e não vi nenhum relato de intolerância ou preconceito da parte do Caca, achei o texto inteligente e ponderado, eu inclusive partilho da mesma idéia, sempre levantei a bandeira do transexualismo onde a inclusão é o único meio de dar espaço a essa classe que vive sobre uma visão marginalizada pela sociedade. A limitação de uma ou duas transexuais seria uma boa saída até que tenham mais tempo pra estudar, obter dados concretos e acompanhar o desempenho dentro de quadra. Embora hoje sua testosterona esteja até mesmo abaixo do das mulheres sis eu ainda acredito que um corpo formado durante 30 anos pela testosterona levaria vantagem sobre um corpo do gênero feminino. Tenho aplaudido a Thifanny pela coragem, bravura, pois ela sim esta na posição mais difícil dentre todas jogadoras. Espero que ela brilhe dentro e fora das quadras, pois ela poderá ser a grande porta das frentes pro futuro de atletas Trans.
    Caca continue nos prestigiando com seus textos, sou seu fã e continuarei te acompanhando direto de Paris! ;)

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    1. Melhor resposta possível. O caso precisa ser cientificamente estudado, não adianta ficar de achismo, vitimismo e preconceito. Tem que sair do empirico e deixar que a ciência faça sua parte.

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  11. Só mudar o nome para...
    Liga SEMI-FEMININA

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  12. Parabéns pelo texto. Cacá. Abraço. Alberto

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