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Um breve balanço estatístico do vôlei em Londres

As estatísticas realizadas pela Federação Internacional de Voleibol (FIVB) para seus torneios oficiais ficam entre as mais detalhadas que as equipes dispõem e as mais simples que a imprensa normalmente realiza. Serve, assim, como referência mais rica que a segunda forma, mas não como base mais aprofundada. Não se trata de um estudo, mas serve para esboçar um quadro do comportamento técnico dos atletas em Londres, travando comparações com o que aconteceu em Pequim, em 2008.

A começar pelo ataque, os homens continuam sendo mais efetivos neste fundamento. Foram 47% das ações que se converteram em ponto, contra 40% no feminino. Em contrapartida, os homens erraram mais, se bem que não na mesma proporção anterior de diferença: 17% contra 15%.

Esse menor aproveitamento no feminino deve-se a um aumento substancial do número de defesas – considerados aqui aquelas em que o defensor toca na bola. Comprando-se com os Jogos Olímpicos de Pequim, as bolas ficaram muito mais tempo no ar, defendidas 61% das vezes, diante de 54% de quatro anos antes. O número de erros caiu, contribuindo também para ralis mais longos: 19% em Londres e 29% em Pequim. A potência de ataque dos homens fez com que esse índice chegasse a apenas 57%, mesmo assim aumentando 7 pontos percentuais em quatro anos.

O bloqueio que sempre foi um fundamento associado ao masculino, teve em Pequim uma inversão das expectativas, onde as mulheres tiveram um aproveitamento de 5,1 pontos por set contra 4,9 dos homens. Em Londres, porém, eles assumiram novamente a frente, marcando 5 pontos/set, enquanto elas tiveram 4,6/set.

Os pontos conseguidos em saques diretos apresentaram um número bem superior ao registrado em Pequim entre as equipes masculinas. Enquanto na China foram anotados 1,9 aces/set, em Londres os sacadores chegaram a 2,6 aces/set. As mulheres, no entanto, caíram de 2,3 para 2 aces/set.

Uma das razões para essa queda no feminino foi a expressiva melhora na recepção. As bolas consideradas excelentes pelos critérios da FIVB chegaram ao índice de 68%. Muito mais do que os 54% de 2008. Para ter uma ideia da evolução das mulheres neste fundamento, a melhor passadora em Pequim teve um aproveitamento de 64,5%; em Londres, a brasileira Fernanda Garay levou o prêmio com incríveis 81,3%. No masculino, os números se mantiveram próximos aos anteriores: 63% em Londres, 61% em Pequim. Porém, os erros aconteceram em maior número: 7% contra 4%.

Por fim, os jogos femininos foram mais equilibrados que os masculinos. Em 38 jogos, foram disputados 141 sets pelas mulheres e 133 pelos homens.

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