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Uma história gloriosa entra na fase de mata-mata





Há exatos 25 anos, a seleção brasileira masculina de vôlei entrava em quadra em Barcelona, no Palau d’Esports, para disputar as quartas-de-final dos Jogos Olímpicos. O adversário era o Japão, de Nakagaichi, Minami e Ohtake, que havia batido os Estados Unidos na fase de grupos e vencido os próprios brasileiros na Copa do Mundo de 1989.

Em clima de ansiedade, a equipe sensação da primeira fase – saíra em primeiro lugar num grupo que tinha Holanda, a ex-União Soviética (CEI) e Cuba – mostrava certo nervosismo já no aquecimento. Eram jogadores jovens, ainda em formação, que esperavam “estourar” dali a quatro anos, em Atlanta.
Marcelo Negrão e Giovane tinham 19 anos, Tande, 22. Juntavam-se a eles no time titular Maurício, Carlão e Paulão. No banco: Talmo, Douglas, Janélson, Pampa, Jorge Édson e o mais experiente de todos, Amauri, medalha de prata em Los Angeles. No comando, outro novato, disputando seu segundo torneio internacional como técnico daquela equipe: José Roberto Guimarães.

Apesar da tensão, prevaleceu a qualidade quase inacreditável daquela que viria a ser a primeira equipe brasileira a ganhar uma medalha de ouro olímpica em esportes coletivos. Num tempo em que o placar ia até 15 pontos e o ponto só era conseguido quando se tinha posse do saque, as parciais foram de 15 a 12, 15 a 5 e 15 a 12. Três sets a zero e o alívio de já ter ao menos igualado o resultado de quatro anos antes em Seul. Estávamos novamente entre os quatro melhores do mundo.

Por ser uma geração nova, havia fantasmas que precisavam ser superados. Um deles desfez-se com a ajuda da Holanda e sumiu do caminho brasileiro já nas quartas. Horas antes, a campeã mundial Itália perdera por 3 a 2 da Holanda e dera adeus à busca pelo ouro. Mas os adversários da semifinal seriam os Estados Unidos, outra equipe era por demais respeitada pelos brasileiros.

Mas esta história só seria escrita dia 07 de agosto de 1992.


Comentários

  1. Manter-se no topo por tanto tempo é digno de elogios. Ainda mais num país que só sabe reverenciar o futebol

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