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A lista de Renan

O desafio de Renan, todos sabem, não é fácil. Substituir Bernardinho no comando da seleção masculina de voleibol depois de 16 anos de conquista é trabalho para Hércules. Foram 42 pódios em 46 competições. No entanto, a escolha do grupo que se completou esta semana para os treinamentos mostra sensatez e perspicácia.

Foram mantidos 10 dos 12 campeões olímpicos, o que garante a experiência e a liderança dentro do grupo e diante dos futuros adversários. Muito defendem uma renovação, mas a meta agora é garantir a manutenção do respeito conquistada ao longo de uma década e meia diante dos adversários. A Liga Mundial terá as finais no Brasil, o que garante a seleção nesta fase sem depender dos resultados da etapa classificatória. Sem dúvida, é mais tranquilidade para testar formações e táticas de jogo, sem a pressão imediata por vitórias.

Mesmo que cheguemos com uma equipe com adiantada média de idade aos próximos Jogos Olímpicos, Renan sabe que a nova geração carece de proatividade, assertividade e iniciativa que sobravam nas anteriores. Nenhum dos novos valores parece ter a liderança de um Serginho, de um Murilo ou de um Giba. Melhor preservar alguns que chegarão a Tóquio-2020 na casa dos 30 e poucos ou muitos – apenas cinco dos convocados terão menos de 30 anos até lá – do que arriscar numa renovação radical.

Bruno (34 – entre parênteses a idade que cada atleta terá em 2020) e Rapha (41) deverão lutar pela titularidade, enquanto Murilo Radke (31) aprende com ambos.

Wallace (33) será o titular da saída de rede, com Evandro (38) sendo, ao menos até o Mundial de 2018, a opção imediata; Renan Buiatti (30) fica na espera, talvez pelos Jogos Olímpicos.

A briga pela posição de central é mais equilibrada: Maurício Souza (31), Lucão (34) e Éder (37) lutarão por duas vagas e devem se revezar nos futuros torneios; Otávio (29) é a aposta de longo prazo.

Entre os ponteiros, Lucarelli (28) tem uma das vagas e verá Lucas Loh (29), Douglas (25) e Maurício Borges (31) brigando como autênticos ponteiros passadores; Lipe (36), como aconteceu no Rio-2016, se as contusões que o vêm atormentando deixarem, é opção para uma ou outra função; enquanto Rodriguinho (24) pode ser a grande surpresa ao longo ainda deste ano.

Por fim, o líbero é Thiago Brendle (34); Thales (31) precisará mostrar que faz jus à sua primeira convocação aos 28 anos.


Dia 2 de junho o Brasil estreia na Liga Mundial jogando contra Irã, Itália e Polônia. As finais serão de 4 a 8 de julho em Curitiba (PR).

EM TEMPO: ESQUECI DO ISAC, CENTRAL DO SADA. ESTE, AO MEU VER SERÁ NOME CERTO EM TÓQUIO!

Crédito foto: CBV

Comentários

  1. Acompanhei toda Liga Russa e fiquei impressionado com os atletas de ambas as equipes que participaram. Acredito que a grande bola da vez este ano será a Rússia. De olho neles. Sobre o Brasil, esta primeira convocação esta extremamente sensata, nao consigo imaginar outro(s) atletas neste grupo. Acredito que aqueles que apresentarem a melhor forma física e principalmente o equilíbrio psicológico våo se dar bem.

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  2. Davi, tb apostaria na Itália. Pelo menos até o Mundial. Chegará a Tóquio igual ao Brasil, talvez um pouco velha em suas principais peças. Aquele time da RUS que veio pró Rio tem figuras mito boas

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  3. Com exceção do Lucarelli, não sinto firmeza nos outros ponteiros. Prefiro nem escrever o que penso do Loh e do Borges, moça não fala nome feio... rsrsrsrsrs Douglinhas e Rodriguinho precisam mostrar mais. Mas se é isto o que temos, paciência. Quanto ao Renan Buiatti, ai meu zizuis - só tem tamanho, ele é 'fraco' e não me inspira confiança nem daqui pra 2020. E essa burrocracia que emperra a utilização do Leal é o fim... Mas, ainda assim, torço muito pra morder a língua. Abraço, Cacá.

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  4. Valeu​, Eliana. Ótima análise! Abraços

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