Um brasileiro à frente da FIVB
Hoje à noite a Federação Internacional de Volleyball terá
novo presidente para os próximos quatro anos. Pois é, a FIVB acabou com a
perpetuação dos mandatários! E limitou em 75 anos a idade deles. É certo que
antes do chinês Jizhong Wei, houve apenas dois presidentes, mas a entidade
resolveu tomar o caminho do futuro e se antecipar à maioria das federações
internacionais. Mais uma vez o voleibol serve como modelo.
E na eleição de hoje à noite, poderemos ter um brasileiro
escolhido pelos mais de 200 eleitores com direito a voto. O presidente da Confederação
Brasileira de Voleibol, Ary Graça, disputa o cargo com outros dois candidatos.
Um deles pode ser descartado, o australiano Chris Schacht, deixando a disputa
pelo poder entre Ary Graça e o lendário técnico norte-americano Doug Beal.
Acredito que Ary vença, por vários motivos. É respeitado
pelo estágio que o Brasil alcançou em nível internacional durante sua gestão à
frente da CBV; tem força política junto às confederações continentais, que
definem boa parte dos votos de seus filiados; e se posicionou nos últimos
quatro anos como candidato em potencial, expondo pontos de vista, ideias e
projetos, mesmo que não explicitamente. Além disso, tem trânsito livre por
todas as entidades e até outras modalidades, o que o faz um postulante mais
próximo do modelo multifacetado que o empreendedor atual necessita. Doug Beal
tem uma visão mais tecnicista, sem deixar de ser uma excelente opção para a
próxima gestão, pois, ao contrário do brasileiro, ainda terá idade para assumir
em 2016.
Ary pode fazer uma excelente administração, a exemplo do fez
no Brasil enquanto dirigiu a CBV, nos últimos 15 anos. Tem visão empresarial do
esporte, conhecimento inquestionável sobre administração e sobre o
funcionamento e abrangência da FIVB e do voleibol no mundo, além de saber das
necessidades prementes e dos possíveis avanços em regiões mais carentes de
informações e estrutura.
Além disso, seria importante tê-lo à frente de uma entidade
que não vê com bons olhos a supremacia de um só país – no caso, o Brasil – por tanto
tempo. A eleição de Ary logicamente não favoreceria o voleibol nacional, mas
evitaria que as forças se concentrassem para dificultar a manutenção de nossa
hegemonia.
Caso Ary vença o pleito na Califórnia, fica a dúvida sobre
quem assumirá a CBV. Fala-se de Renato D’Ávila, profissional da mais alta
competência técnica, que conhece bem o funcionamento da entidade e pode dar uma
contribuição técnica substancial à evolução do voleibol clubístico no país e ao
maior alcance do trabalho de ponta que os grandes centros dispõem mas ainda não
chega aos rincões mais distantes. Talvez a escolha seja política, o que aumenta
consideravelmente o número de possíveis candidatos, principalmente em ano de
eleições. Quem ficar de fora da Câmara de Vereadores, pode assumir uma cadeira
de honra na Confederação.
Vamos esperar e torcer.Torcer por Ary Graça. Torcer pelo bem
do voleibol. E do voleibol brasileiro. E esperar que o novo presidente da CBV
siga o exemplo da FIVB e institua o mandato de quatro anos, mesmo que uma
coceira quase incontrolável o acometa quando sentar no trono.
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