Tabelinhas dionisíacas
Terminei de ler esta semana o livro Coutinho, o gênio da área, de Carlos Fernando Schinner. Carlos Fernando,
além de jornalista, é narrador esportivo hoje do BandSports e conhecido também
como Cacá Fernando. Coutinho, alguns mais jovens podem ter ouvido falar “assim
tipo por cima”, enquanto o pessoal na casa dos 60 não só sabe de quem se trata,
como o reverencia.
Não cheguei a ver Coutinho jogar, mas como aficionado do
futebol, não dissociava o jogo clássico e bem praticado da década de 60 dos grandes
futebolistas, entre os quais o centroavante do Santos se incluía. No entanto, o
desconhecimento de detalhes da carreira do piracicabano Antonio Wilson Honório
fazia-me crer que Coutinho era apenas um sobrenome do maior atleta do século:
Pelé-Coutinho. Mais um súdito com certo talento que teve a honra de jogar ao
lado do Rei.
A leitura tira Coutinho do papel secundário para associá-lo
diretamente ao sucesso do camisa 10. De coadjuvante, Coutinho salta das páginas
para ganhar seu merecido destaque. Alguns trechos demonstram o reconhecimento
de jornalistas, de torcedores e do próprio Pelé, comprovando que Ele não seria
o que foi sem Coutinho.
A trajetória do camisa 9 é contada desde a viagem sem o
conhecimento do pai para o litoral, passando pelo teste improvável nos gramados
da Vila Belmiro, até o encerramento precoce da carreira após uma sucessão de
cirurgias e contusões. Um abreviamento, no entanto, que engrandece a história do
mais jovem atleta a vestir a camisa do Peixe, aos 14 anos.
O livro, recheado de informações sobre o futebol brasileiro
e entremeado de alusões à história política e econômica nacional e
internacional, conta casos interessantíssimos em linguagem leve e bem
trabalhada sobre o “ataque dos sonhos”, as poucas partidas de Couto com a
camisa canarinho e as intermináveis excursões ao exterior de um dos maiores
times de todos os tempos.
Carlos Fernando coloca Coutinho definitivamente no lugar em
que sempre deveria estar, entre os maiores.
Pelé-Coutinho vira PeléCoutinho.
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