Pular para o conteúdo principal

Texto de Lauret Godoy sobre a Tocha Olímpica

Lauret Godoy

A TOCHA OLÍMPICA


Em 1936, em Berlim, a Cerimônia da Tocha Olímpica passou a integrar a programação oficial das Olimpíadas. A partir daí e, sempre da mesma forma, a mais famosa chama do mundo é acesa a cada quatro anos, pela antiga maneira de fazer fogo. A solenidade é realizada em Olímpia, sede dos Jogos Olímpicos que foram promovidos na Grécia Antiga durante doze séculos.

No Templo de Hera, os raios solares são focalizados através de um espelho parabólico e projetados para incendiar gravetos colocados num recipiente antigo. Jovens mulheres usando vestidos brancos e cabelos presos no estilo das antigas gregas acompanham a “Sacerdotisa da Tocha Olímpica”, que dirige a cerimônia. Após ajoelhar-se ela efetua a seguinte prece a Hera, esposa de Zeus e rainha do Olimpio: “Mãe e guia de todos nós, acende a luz sagrada que irá alumiar a nobre emulação pacífica entre os povos do mundo.”.

A seguir, ela passa a tocha já acesa ao corredor grego que dará início ao revezamento. Ao recebê-la, ele se volta para o local onde está enterrado o coração de Pierre de Coubertin, renovador dos Jogos Olímpicos Modernos, faz uma reverência e começa a correr. É nesse exato momento que tem início os Jogos Olímpicos propriamente ditos. Por meio de uma corrida de revezamento a chama é transportada para Atenas e, daí, para a cidade-sede dos Jogos Olímpicos.
É feita uma previsão de percurso, de maneira que a chama chegue ao estádio logo após a declaração de abertura oficial dos Jogos e a última pessoa a transportá-la deverá ser natural do país anfitrião. Ela dará uma volta na pista antes de atear fogo à pira, que estará colocada em lugar bem visível no interior do estádio principal.

No dia 21 de abril de 2016, uma vez mais a chama sagrada foi acesa em Olímpia, desta vez, em cerimônia presidida pela atriz grega Katerina Lehou. Concluídos os rituais de praxe, ela entregou a tocha a Eleftherios Petrounias, ginasta grego. Após correr a primeira parte do percurso, ele a passou para o jogador de voleibol Giovane Gavio, bicampeão olímpico, que teve a honra de ser o primeiro brasileiro e segundo condutor da chama, que brilhará na cidade do Rio de Janeiro, durante o transcorrer da XXXI Olimpíada da Era Moderna. 

Esportistas brasileiros alegrem-se! Os Jogos RIO – 2016 tiveram início quando o ginasta Eleftherios Petrounias deu o primeiro passo, no solo sagrado de Olímpia... 


            
       Lauret Godoy é escritora, autora do livro
       OS OLÍMPICOS – Deuses e Jogos Gregos.



                           São Paulo, 21 de abril de 2016.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Negros e negras no voleibol olímpico brasileiro – uma análise sociodesportiva

Negros e negras no voleibol olímpico brasileiro – uma análise sociodesportiva Carlos Eduardo Bizzocchi Este breve ensaio não pretende de maneira nenhuma esgotar o assunto tampouco se aprofundar num tema que exigiria conhecimentos mais sólidos sobre sociologia ou etnografia e também uma pesquisa mais ampla. Ele é, de certo modo, um convite à discussão sobre o preconceito racial e sobre o efetivo papel inclusivo do esporte. O futebol brasileiro começou a romper a barreira da exclusão racial já na década de 1920 e, em pouco tempo, várias agremiações com negros e brancos dividiam espaço nos campos e espaços públicos. Na Copa do Mundo de 1954, a divisão étnica entre os titulares era quase meio a meio. Enquanto isso, o voleibol do país fechava-se dentro de clubes tradicionais, redutos conservadores e particulares, sob regimentos internos ainda impregnados do preconceito racial sobrevivente de uma abolição da escravatura que completava pouco mais de meio século. Aceito

Coração e competência

Crédito foto: CBV A seleção brasileira de vôlei dispensou a calculadora e fez as duas melhores partidas do Grand Prix na última sexta-feira (21) e, principalmente, ontem (23). Enquanto muita gente fazia contas e duvidava da capacidade de jogadoras e comissão técnica, elas mostraram que ainda há lenha para queimar debaixo da brasa que sobrou sob as cinzas da Rio-2016. Duas condições interdependentes do vôlei serviram para impulsionar a equipe: quem não é bom em determinado fundamento precisa criar sua identidade em outro; e não dá para ser competitivo com um fundamento que esteja abaixo do aceitável. O sistema defensivo se aprimorou na defesa e o contra-ataque contou com uma dose reforçada de paciência e malícia, enquanto a recepção, que não é um primor, comportou-se dentro de um nível aceitável e não permitiu que o adversário se valesse de tal fragilidade. Com um rendimento invejável no bloqueio, as comandadas de José Roberto Guimarães se superaram contr

O fator T

O fator T T de Tiffany, de transexual, de testosterona Apesar do recesso de fim de ano, a Superliga feminina de vôlei continuou nas manchetes. Nos dois últimos jogos, em que defendeu o Vôlei Bauru (SP) como titular, a oposta Tiffany, primeira transexual a disputar o torneio nacional, fez 55 pontos em nove sets. Nas mesmas rodadas, a oposta da seleção brasileira Tandara fez 24 pontos em sete sets defendendo o Vôlei Nestlé. Tiffany até 2015 disputava o campeonato holandês masculino. Após cirurgia para mudança de sexo, tratamento para redução da produção de testosterona e consequente liberação da Federação Internacional, disputou a reta final da Liga Italiana A2 pelo Golem Palmi no começo de 2017. Sua participação por lá gerou críticas e até ameaças de recursos na justiça comum pelos adversários. O programa Roda de Vôlei já havia levantado a questão da participação de Tiffany entre as mulheres num esporte em que a potência muscular predomina e decide. Apoiados na opinião d