Pular para o conteúdo principal

Brasil em busca do quarto ouro - Mundial masculino de vôlei começa amanhã (9)


Crédito imagem: Michael Dantas/Inovafoto/CBV

Começa amanhã (9) a 19ª edição do Campeonato Mundial de voleibol masculino. Disputado desde 1949, o torneio terá este ano 24 equipes dos cinco continentes, sendo sete das Américas, dez da Europa, quatro da Ásia e três africanas. O país mais vitorioso é a antiga União Soviética, com seis títulos. O Brasil luta pela quarta conquista. Pela primeira vez, dois países dividirão a responsabilidade de sediar o evento, Itália e Bulgária.
Na primeira fase, as seleções estarão divididas em quatro grupo de seis e as quatro primeiras avançam para a etapa seguinte. O Brasil está no grupo B, sediado em Ruse (Bulgária) e terá como adversários Canadá, França, Egito, China e Holanda.
A seleção campeã da Rio-2016 terá como adversários mais difíceis o Canadá e a França. Nos últimos anos estes dois países têm feito jogos bem disputados contra os brasileiros e, em algumas situações, saído com a vitória. Contra os franceses, por exemplo, neste ciclo olímpico, depois da entrada de Renan dal Zoto no lugar de Bernardinho, foram três derrotas e apenas uma vitória. Diante do Canadá, em três partidas, vencemos duas e perdemos uma.
A França de Ngapeth – um dos mais espetaculares jogadores da atualidade – e do líbero Grebennikov – talvez o melhor do mundo na posição – é uma das candidatas ao título. Tem o oposto Boyer em evolução e um grupo que prima pelo jogo de campo, pela velocidade ofensiva e pelo conjunto criado por Laurent Tillie desde que assumiu em 2013. Hoje tem reservas à altura para substituir os titulares e mudar um jogo, como é o caso do levantador Brizard, que tem entrado constantemente no lugar do excepcional Benjamin Toniutti.
Depois que o francês Stéphane Antiga passou a comandar o time canadense, o grupo vem ganhando um estilo de jogo característico de defesa e velocidade. Apesar de contar com alguns atletas em final de carreira, tem jogadores novos que são altos e fortes. Essa mistura de sistema defensivo forte, juventude associada à experiência e estatura pode render bons frutos ao Canadá. O ponteiro Maar pode ser um dos destaques deste Mundial, bom passador e atacante muito eficaz, deve receber atenção especial dos brasileiros. Mesmo assim, é difícil que os canadenses briguem pelo título.
A China vem evoluindo, mas não consegue ter uma equipe competitiva; deve oferecer resistência e dificultar um pouco o jogo, mas o favoritismo é dos brasileiros. Ainda assim, fique de olho no oposto Chuan Jiang. Apesar de a China ter ficado em 15º lugar, ele foi o maior pontuador da Liga das Nações deste ano, com incríveis 274 pontos – 58 à frente de Wallace, o segundo, e 81 a mais que o terceiro, o iraniano Ebadipour.
Fizemos três amistosos contra a Holanda antes de embarcar para a Europa e a facilidade encontrada dá segurança de novo sucesso no Mundial. Além disso, os holandeses retornam ao evento depois de ficar fora das três últimas edições. Em 2002 ficaram em 10º lugar. O Egito, adversário da estreia, é o que menos preocupa, em 12 confrontos oficiais ao longo da história, o Brasil venceu todos e perdeu apenas um set.
O Brasil é favorito ao título de qualquer torneio internacional desde 1982. Desde o vice-campeonato mundial da memorável geração de prata na Argentina, o mundo passou a respeitar a seleção brasileira. Das últimas nove edições, apenas em 1994 não figuramos entre os quatro primeiros. Por isso, mesmo com a fragilidade circunstancial provocada pelas contusões em série de nossos principais ponteiros, chegamos ao Mundial em condições de brigar mais uma vez pelo pódio. A trajetória é árdua e exigirá superação e valentia dos novos titulares, mas temos Bruno, Lucão e Wallace, que deverão, pela experiência e capacidade, formar o alicerce técnico da equipe.
Sendo assim, o Brasil deve ficar entre primeiro e terceiro lugar do grupo, dependendo dos confrontos contra franceses e canadenses. Vale lembrar que os pontos conquistados nesta primeira fase contra os outros classificados são levados para a etapa seguinte e serão decisivos para chegar ao terceiro estágio da competição.
Como a estreia do Brasil será apenas dia 12, o time realiza amanhã o segundo amistoso contra a Alemanha – que está fora do Mundial. Ontem (7), batemos os anfitriões por 3 a 0.

Cacá Bizzocchi

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Resposta ao texto "Eu não gosto de vôlei", em Blog do Menon

Caro, Menon, Em seu post de hoje, você despertou uma boa dose de ira dos apaixonados pelo vôlei. No papel de comentarista e técnico do esporte, acho-me no direito de entrar na discussão, não para atacá-lo – como alguns fizeram –, afinal defenderei sempre o direito à opinião e à expressão das preferências particulares, sejam elas quais forem. Mas ultimamente as pessoas têm se valido de justificativas apressadas para fundamentar seus desgostos. Pela pouca familiaridade com o objeto de desagrado, acabam sendo superficiais e equivocados. Vou me ater a pontos que considero pouco plausíveis em sua busca por tentar explicar porque não gosta de vôlei e me abster de comentar outros que se referem a opiniões e pontos de vista próprios. Primeiramente, o fato de o vôlei ter campeonato todo ano. A Liga Mundial é talvez o quarto torneio entre seleções em importância no calendário internacional, por isso é anual. Antes dela, há os Jogos Olímpicos, o Campeonato Mundial e a Copa do Mundo, ...

A semifinal contra os carecas

Crédito foto: UOL A história da semifinal contra os Estados Unidos nos Jogos Olímpicos de Barcelona em 1992 começou ainda na fase de classificação. Os norte-americanos jogavam contra o Japão e perdiam o quarto set por 14 a 13. O atacante Samuelson, em vez de ser punido com o cartão vermelho do árbitro – o que daria a vitória ao Japão no set por 15 a 13 e no jogo por 3 sets a 1 –, recebeu o segundo amarelo. O jogo prosseguiu e os Estados Unidos venceram por 3 a 2. No entanto, a Federação Internacional, em julgamento após a partida, reverteu o resultado. O fato gerou revolta no elenco norte-americano que, solidário a Samuelson – careca por causa de um problema metabólico –, resolveu raspar a cabeça. Isso numa época em que ficar careca por iniciativa própria era no mínimo estranho. A partir dali, o time não perdeu mais nenhuma, batendo inclusive a campeã mundial Itália. Chegava à semifinal com mais força e contra a sensação da competição, a jovem e empolgada equipe brasile...

Negros e negras no voleibol olímpico brasileiro – uma análise sociodesportiva

Negros e negras no voleibol olímpico brasileiro – uma análise sociodesportiva Carlos Eduardo Bizzocchi Este breve ensaio não pretende de maneira nenhuma esgotar o assunto tampouco se aprofundar num tema que exigiria conhecimentos mais sólidos sobre sociologia ou etnografia e também uma pesquisa mais ampla. Ele é, de certo modo, um convite à discussão sobre o preconceito racial e sobre o efetivo papel inclusivo do esporte. O futebol brasileiro começou a romper a barreira da exclusão racial já na década de 1920 e, em pouco tempo, várias agremiações com negros e brancos dividiam espaço nos campos e espaços públicos. Na Copa do Mundo de 1954, a divisão étnica entre os titulares era quase meio a meio. Enquanto isso, o voleibol do país fechava-se dentro de clubes tradicionais, redutos conservadores e particulares, sob regimentos internos ainda impregnados do preconceito racial sobrevivente de uma abolição da escravatura que completava pouco mais de meio século. Aceito ...