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O dia dela


Pipocam mensagens no WhatsApp, Facebook e Instagram parabenizando as mulheres pelo dia de hoje. O 8 de março foi reconhecido pela ONU em 1977 para simbolizar uma luta por igualdades entre os gêneros que ganhou força no início do século passado nos Estados Unidos e. no resto do mundo. depois da Segunda Guerra.
A maioria das mensagens enaltece o papel de mãe, de esposa e usa metáforas para elogiar características essencialmente femininas. Hoje é domingo, dia propício a levantar cedo e, na volta da padaria ou da caminhada, comprar um pãozinho diferente ou até um buquê de flores para agradar a(s) mulher(es) da casa.
No entanto, amanhã é dia útil, de trabalho, de ir para a rua para lutar pela sobrevivência. E amanhã continuará sendo o dia da mulher.
Daquela que ganha em média 20% menos que os homens que na empresa ocupam o mesmo cargo que ela. O que você vai fazer em nome da mulher que você elogia hoje?
Daquela que sofre agressões em casa por homens que se julgam seus proprietários legítimos e pensam que colocá-la “na linha” é missão nobre dos machos da mais alta estirpe. O que você vai fazer quando ouvir tais donos se orgulhando de tal comportamento?
Daquela que é mãe solteira e se desdobra para sustentar seus filhos abandonados pelo pai e toma quatro conduções para ir e voltar de um trabalho doméstico que deveria ser de carteira assinada, mas não é, mesmo sendo legal. Você vai simplesmente dizer a ela “parabéns pelo dia de ontem”?
Daquela que vai morrer assassinada pelo ex-marido ou ex-namorado, porque essa mulher precisa alimentar a estatística assombrosa de 1 caso de feminicídio a cada 7 horas neste país tropical abençoado por deus. Você vai fechar os olhos a esta realidade ou vai denunciar de uma vez por todas o vizinho ou o colega de trabalho que mais dia menos dia vai fazer o mesmo?
A mão que hoje oferece a rosa, amanhã tem que sair em defesa dessa mulher. Romantismo também é proteção, senão é falso... e covarde.

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