
Cheguei a Curitiba para
participar do 1º Congresso Internacional de Voleibol no dia 25. Um dia antes,
Marcos Pacheco havia inaugurado o evento passando sua experiência de vários
anos à frente de algumas das principais equipes masculinas do vôlei brasileiro
e alguns títulos da principal competição nacional interclubes. Bernardinho encerrou
o primeiro dia com uma palestra que deveria durar 60 minutos e estendeu-se por
duas horas.
Fui responsável por mediar as
mesas redondas que reuniram, ao final do dia, os convidados da manhã e da
tarde. Hoje (28) é meu dia de folga, mas folga não foi uma palavra usual para
nenhum dos congressistas durante o evento, tanto que escrevo enquanto Luizomar
de Moura discursa na sala de conferência, para encerrar a brilhante iniciativa
dos entusiastas e competentes Gérson Amorim e Josmar Coelho. Tanto os quase 150
participantes quanto os convidados estiveram presentes, dispostos e atentos em todos
os períodos e todas as atividades, ávidos por conhecimento e troca de
informações.
Conheci profissionais de todo o
Brasil, de Rondônia ao Rio Grande do Sul, e convivi 24 horas por dia com alguns
dos melhores treinadores do país, com os quais nunca havia conversado por tanto
tempo. Ouvi histórias de determinação, paixão e entrega de professores que
escolheram o voleibol como ferramenta educativa e instrumento de ascensão
pessoal e formação. Tomei conhecimento de pessoas abnegadas que fazem rifas e
pedágios para manter suas escolinhas e levar seus atletas a competições, fazem
parcerias para conseguir alojamento e alimentação para montar times amadores. Técnicos
de alto rendimento, preparadores físicos, analistas de desempenho e de
categorias de base trocavam ideias nos intervalos, fazendo com que não houvesse
pausa no dia de atividades. Foi um período de intensa comunicação, de troca
fértil de experiências e aproximação de seres técnicos que antes disso são
humanos e deram também espaço para esta dimensão pessoal.
As mesas redondas acabaram por
dar um toque informal e de aprofundamento dos temas desenvolvidos pelos
convidados em suas breves apresentações e se transformaram num agradável “boa-noite”
e um convite para o dia seguinte. Na primeira noite, Maurício Motta Paes e
Carlos Javier Weber trouxeram as experiências pessoais em países estrangeiros e
em seleções nacionais. Maurício é brasileiro radicado há vários anos na França,
onde trabalhou com equipes femininas e masculinas, sendo inclusive
assistente-técnico da seleção francesa de Philippe Blain, e está hoje no
comando da Panasonic, no Japão. Weber estreou no Brasil como técnico da Unisul
na década passada e depois dirigiu a seleção argentina e várias equipes no
mundo, inclusive na Rússia e na Grécia. Ambos trouxeram vivências que muito
podem contribuir para o voleibol brasileiro.
No dia seguinte, foi a vez de
Hélio Grinner, assistente do time do Sesc-RJ e braço direito de Bernardinho há
vários anos, e Henrique Modenese, analista de desempenho – atual nome do antigo
estatístico – da seleção brasileira masculina. Grinner contou detalhes do
excelente e coordenado trabalho de uma das mais vencedoras comissões técnicas
do vôlei brasileiro, enquanto Henrique não escondeu segredos sobre como coletar
e interpretar dados e como é a relação entre esses profissionais e os técnicos
e atletas.
Ontem (27), o preparador físico
do Sada/Cruzeiro e da seleção brasileira feminina Fábio Corrêa, depois de
brilhante apresentação no período da manhã, juntou-se na última mesa redonda a
Rubinho, técnico do Sesi-SP e medalhista de ouro na Rio-2016, e Luizomar de
Moura, técnico do Audax/Osasco e durante anos treinador de seleções brasileiras
de base. Depois de quase duas horas de debates sobre como dirigir equipes,
montar elencos e planejar a preparação física em diferentes contextos, os
convidados mostraram sem constrangimento o lado humano, confessando que nos
dias de folga da exigente carreira no esporte de alto rendimento que escolheram,
preferem a companhia e o acolhimento da família, que acaba ficando distante
devido à rotina exaustiva de quem escolhe seguir a trilha do esporte
profissional.
Que venham outros eventos do tipo
e que esta primeira edição seja apenas um aperitivo de que algo que tanto pode acrescentar
ao crescimento da modalidade que – opinião quase unânime no Congresso – vive um
momento delicado e de apreensão, principalmente nas categorias de base, a única
fomentadora das seleções brasileiras que aparecem na televisão e que muitos
julgam ser a única representação do voleibol brasileiro.
Prof. Cacá , o momento atual do Voley é muito delicado e incerto. Qualquer atitude tomada sob a pressão do momento, derrubará o esforço feito durante duas décadas. Felizmente este Congresso Internacional é um razoável recomeço, mas imprescindível para a descoberta de novos caminhos. Que venham outros e se possível com uma maior participação de Profissionais da Europa e EUA. Uma nova LUZ começa a surgir, ao abrirmos a janela da troca de experiências. Um otimismo tímido é o sentimento do momento. Aguardemos...
ResponderExcluirPerfeitas observações, Carlos! E preciso reestruturar o sistema para contínua grande!
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